sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

AS ENTRANHAS VERDEJANTES DA MEDICINA



RESUMO: Os autores apresentam reflexões sobre a cor verde e sua relação com a medicina. São abordados vários comentários para escolha desta cor como símbolo da medicina: das origens mitológicas, onde alude o mito de Perséfone, as aventuras amorosas de Apolo, e a Asclépio o deus da medicina. Menciona os aspectos psicológicos que as cores pode ter sobre médicos e pacientes; também aspectos mais práticos como reflexos de luz em ambientes médicos e teoria de cores complementares.
Foram considerados ainda aspectos históricos e religiosos sobre uso desta cor e das esmeraldas na simbologia médica, além do uso de outras cores por profissionais da saúde, procurando elucidar as razões de a cor verde ter se tornado um importante símbolo da medicina moderna.

PALAVRAS-CHAVE: Verde; Esmeralda; Símbolos; Medicina; Cor


ABSTRACT: The authors present reflections on the green color and its relationship to medicine. Several comments are made for choice of this color like symbol of the medicine: of the mythological origins, where alludes the myth of Perséfone, the loving adventures of Apolo, and yet the god of the medicine, Asclépio. It mentions the psychological aspects that colors can have on doctors and patients; also more practical aspects as reflexes of light in medical environments and theory of complementary colors.
Were considered still, historical and religious aspects on use of this color and of the emeralds in medical symbology, beyond the use of other colors for professionals of health, looking for to elucidate the reasons of the green color has become an important symbol of modern medicine.

KEYWORDS: Green; Emerald; Symbols; Medicine, Color


INTRODUÇÃO
O verde notado em muitos produtos médicos e nas roupas de cirurgiões é sem dúvida a cor que melhor simboliza a medicina. Presente ainda em várias representações da medicina, na analogia da cura com as plantas e a natureza, na pedra que simboliza a profissão e em aspectos religiosos e mitológicos que cercam a prática médica (REZENDE, 2009). O verde é tranqüilizante e confortante, sensações que instintivamente buscamos após passar por um trauma; é a cor da esperança. Como a esmeralda, o verde é um símbolo da saúde e da vida (MANFRED, 2003).

VERDE, ESMERALDAS E MEDICINA


A cor que simboliza a medicina ocidental é o verde. Entre os efeitos psicológicos das cores, parece promover alívio e serenidade, dois estados, sem duvida, desejados por médicos e pacientes.

O verde é uma cor tranqüilizante, confortante e humana. É a cor que buscamos instintivamente quando estamos deprimidos ou após passar por um trauma. Institui um sentimento de alívio, relaxamento, de paz interior, que nos faz sentir equilibrado. É a cor da esperança, da força, da longevidade, da imortalidade universalmente simbolizada pelos ramos verdes (MANFRED, 2003).

Na mitologia, Deméter é uma suprema divindade da terra, deusa da agricultura e dos cereais, era a responsável pela sobrevivência de todos os povos da antiguidade. Os ciclos naturais – semear, brotar e colher – estão relacionados com o mito da filha de Demeter (BARTLETT, 2011).

Perséfone era a beleza personificada e alegrava a humanidade, que vivia então em tempos de fartura. Era um dia majestoso, as ninfas brincavam nos campos floridos, quando a garota viu uma flor maravilhosa, um narciso como ela nunca vira antes e quando se afastou para recolhê-lo; de repente a terra abriu e ela sentiu-se agarrada (STAHEL, 2000). Em vão Perséfone resistiu e gritou... E quando a terra se fechou sobre eles, ninguém mais ouviu as lágrimas e gemidos da jovem. Apenas Deméter escutava um lamento distante, no qual reconhecia ao eco da voz da filha (HAMILTON, 1999).

Deméter percorre o mundo em busca da filha, durante nove dias e nove noites sem nada encontrar. Até que Hélios, deus sol, a quem nada escapa do que ocorre sobre a terra, desfaz o mistério e tenta consolá-la (HAMILTON, 1999). Perséfone havia sido raptada, tornara-se a esposa de Hades e rainha do reino dos mortos!

Deméter, em seu sofrimento, negou à Terra todas as dádivas que lhe concedia. A Terra verdejante e florescente transformou-se em um deserto gelado e sem vida devido ao desaparecimento de Perséfone. A raça humana estava condenada a morrer de fome. Zeus então intermediou um trato com Hades: Perséfone passaria metade do ano com a mãe e outra metade com o marido no mundo inferior (HAMILTON, 1999). Assim, com a chegada de Perséfone aparece na terra a primavera, com os primeiros brotos dos campos e o verde.

Depois de o inverno provar ao homem sua solidão e precariedade, desnudando e gelando a terra que ele habita, esta se reveste de um novo manto verde, com a chegada da primavera, que traz de volta a esperança. O verde é o despertar da vida.

O loureiro arvore de folhas verdes e brilhantes, com as quais eram confeccionadas as coroas dos vencedores dos Jogos atléticos era a planta sagrada do deus Apolo; o curandeiro, o primeiro a ensinar aos homens a arte da cura. Deus da medicina e também semeador de pragas. Este mito conta-nos sobre uma das muitas paixões com desfecho trágico dessa divindade. Segundo Ovídio, Eros, o deus do amor, flechara Apolo com uma seta de amor e, a Dafne, com a seta da indiferença; e por mais que Apolo buscasse o amor de Dafne, ela o repulsava. Perseguida implacavelmente por Apolo e quando este estava próximo de alcançá-la, implora ajuda a seu pai o deus-rio, que a transforma no loureiro. Apolo abraçou-se a planta e declarou então que o loureiro seria sua árvore sagrada (BULFINCH, 2002; STAHEL, 2000).
Asclépio, o deus da medicina, é o filho mais famoso de Apolo. Fruto de mais um amor não correspondido. Uma jovem de rara beleza chamada Corônis após curto relacionamento com o deus, apaixona-se por um simples mortal. Sentindo-se traído quando o corvo lhe conta sobre Corônis e Ísquis, Apolo pede vingança a sua irmã Ártemis, que atinge Corônis com uma de suas flechas mortais para as mulheres. Quando o fogo da pira funerária começava a queimar o corpo da jovem, Apolo resgatou seu filho, que Corônis trazia no ventre e levou-o para ser educado pelo centauro Quíron. Asclépio foi o discípulo ao qual o centauro mais se afeiçoa e, o que mais aprendeu sobre a arte de curar. Quíron era versado no uso de ervas e porções mágicas. Asclépio torna-se capaz de encontrar remédios para todas as doenças; libertava dos tormentos a todos que o procuravam, até mesmo aqueles que estavam à beira da morte (BULFINCH, 2002; HAMILTON, 1999; SOURNIA, 1992).
Contudo, o grande médico que livrava a muitos do Hades, atraiu sobre si a fúria dos deuses. Zeus não permitiria tanto poder a um mortal, que parecia capaz de impedir a morte e matou-o com seu raio fulminante (BULFINCH, 2002). Posteriormente Asclépio teria sido recebido no Olimpo para aplacar a ira de Apolo. O culto a Asclépio disseminou-se, sendo homenageado com inúmeros templos e santuários, que atuavam como locais de cura. A sua imagem permaneceu viva e é um símbolo presente até hoje na cultura ocidental (HAMILTON, 1999; SOURNIA, 1992).
No emblema de Asclépio (símbolo da medicina): A cor verde significa a vida vegetal, a juventude e a saúde. O bastão significa os segredos da vida eterna, poder de ressurreição, o auxílio e suporte da assistência dada pelo médico aos seus pacientes. Sua origem vegetal representa as forças da natureza e as virtudes curativas das plantas (REZENDE, 2009).
Hipócrates, médico grego, considerado o Pai da Medicina, formou no santuário de Asclépio em Cós e assimilou esta tradição médica. Acredita-se que ele mesmo era descendente dos Asclepíades, uma linhagem de sacerdotes-médicos que se dizia derivada da progênie do próprio deus. Vários aspectos da sua doutrina se basearam no folclore religioso que cercava o culto de Asclépio, apesar disto a medicina hipocrática desenvolveu-se em uma linha mais científica e empírica.
À sombra de uma arvore (Platano orientalis), no centro da ilha de Cós, segundo a tradição, Hipócrates reunia-se com seus discípulos e fazia suas preleções ensinando medicina. Este Plátano ficou conhecido como a árvore de Hipócrates. Assinalando o local de nascimento da medicina racional e científica que sucedeu à medicina mágica e sacerdotal dos povos primitivos (REZENDE, 2009).
As folhas verdes do plátano de Hipócrates se renovam a cada primavera, assim como seus herdeiros se renovam a cada geração de médicos, na qual os ideais continuam vivos, a indicar os valores perenes da medicina: a busca da verdade, o respeito à vida, o amor à arte médica, a solidariedade humana, o desejo de servir, a conduta digna, o interesse sincero pelos que sofrem (REZENDE, 2009).

No início da Idade Média a toga dos médicos era verde por usarem plantas medicinais, mas com a epidemia da peste negra (bubônica), os médicos usavam aventais, luvas, máscara e chapéu, porém tudo de cor escura. Estes tons escuros como o preto podia ser um sinal de classe mais elevada e também disfarçava as manchas de sangue e pus que se acumulavam nas roupas. Posteriormente com uso de tons mais claros como cinza, as manchas ganhariam um fator de credibilidade, ou seja, o médico com o avental mais manchado era mais respeitado, tinha mais experiência por haver tratado muitos pacientes. Nada se sabia sobre micróbios e transmissão de doenças (MARGOTTA, 1998; SOURNIA, 1992).
Com o advento das medidas de anti-sepsia e assepsia, com a descoberta dos agentes microbianos, os médicos passaram a usar branco, para demonstrar higiene e limpeza. Na verdade a cor branca é usada por médicos desde a antiga Grécia, quando os sacerdotes do templo de Asclépio se vestiam com roupas (túnicas) brancas para indicar a pureza espiritual. A cor branca em medicina trás o simbolismo da pureza e honradez do ser e atuar como médico (SOURNIA, 1992).

O verde, porém, está sempre presente no mundo da medicina; de acordo com a tradição hindu, a profissão médica é regida pelo planeta mercúrio e a esmeralda é a pedra deste planeta. Também a medicina oriental relaciona a cor verde e a esmeralda ao meridiano do coração, órgão pulsante que mantém a vida. Os Egípcios associavam as esmeraldas à fertilidade a ao renascimento. O imperador romano Júlio Cesar, acreditava que a esmeralda podia ser um fator protetor contra seus ataques de epilepsia. Na idade média as esmeraldas foram utilizadas como antídoto para venenos, para curar feridas, e ainda conta possessões demoníacas. Na tradição alquímica era esta pedra verde, era considerada uma insígnia de Hermes Trismegisto e representativa do conhecimento secreto. Simboliza uma fonte de força e vida nova, além de possuir um caráter de imortalidade (REED, 2013).
Os poderes terapêuticos da esmeralda começam por sua cor verde, que possui propriedades calmantes e é apontada entre todas as cores como a que mais sensibiliza o olhar. A pedra é considerada uma aliada contra doenças. Rejuvenesce, equilibra a cura, estabiliza a personalidade, melhora a meditação e suaviza temores escondidos dentro do homem.
O arcanjo Rafael, conhecido como aquele que foi enviado por Deus para curar, cujo nome significa "Deus cura", novamente confirma que a esmeralda, com sua bela cor verde, é a pedra que simboliza a medicina. É esta pedra que representa o arcanjo Rafael, conhecido como o médico celestial. Por este e outros tantos motivos, os formandos na área de saúde costumam ganhar anéis com essa gema verde (REED, 2013).
Foi no início do século XX, que um cirurgião americano incomodado com o brilho demasiado dos brancos tradicionais no ambiente cirúrgico, que chegavam a reduzir a capacidade de discriminar características anatômicas nos campos operatórios; usando a teoria da cor, desenvolveu um ambiente cirúrgico verde como complemento de cor para o vermelho da hemoglobina. Observou ainda a possibilidade de descansar os olhos, sem competir com luz estranha e brilhos excessivos. Na mesma época a “Cromoterapia” também entrou na cultura hospitalar, com a defesa de idéias sobre a natureza negativa do branco (ausência de cor) e a necessidade do uso de cores positivas e relaxantes como verdes e tons azulados. Assim, o verde tornou-se um importante símbolo do hospital moderno (PANTALONY, 2009).
Em 2010 o Museu de Ciência e Tecnologia do Canadá, em Ottawa, fez uma exposição intitulada: A cor da Medicina, em que expôs artefatos médicos, destacando a utilização da cor verde, buscando resgatar um pouco desta dimensão da história médica.

De Apolo aos nossos dias, o verde e as esmeraldas, são signos intimamente relacionados à medicina, a saúde e a vida.


REFRENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BARTLETT, Sarah. A Bíblia da Mitologia. São Paulo: Pensamento, 2011.
BULFINCH, Thomas. O livro de Ouro da Mitologia (a idade da fábula): Histórias de Deuses e Heróis. Rio de janeiro: Ediouro, 2002.
DE HOLANDA, Ferreira Aurélio Buarque. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
HAMILTON, Edith. (1999), Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
MANFRED, Lurker. Dicionário de Simbologia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
MARGOTTA, Roberto. História Ilustrada da Medicina. São Paulo: Manole 1998.
PANTALONY, David. The colour of medicine. Canadian Medical Association Journal, Ottawa, v.181, n. 6-7, p. 402–403, Sep 2009.
REED, Lawrence Reyes. Esmeralda: Gema de La profesión médica.  GALENUS - Revista para los médicos de Puerto Rico, San Juan, v. 43, n. 7, p.74, Jul 2013.
REZENDE, Joffre Marcondes. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina. São Paulo: Editora Unifesp, 2009.
SOURNIA, Jean-Charles. História da Medicina. Porto Alegre: Instituto Piaget, 1992.
STAHEL, Monica. As Mais Belas Lendas da Mitologia. São Paulo: Martins Fontes, 2000.



Artigo publicado nos ANAIS do CRM-PI – vol. 17- Nº 1 / 2015


Andrade, F J C ; Carvalho F V; Andrade V C B –– Teresina/PI

domingo, 24 de março de 2013

O TENDÃO DE AQUILES: MITO E REALIDADE


       Durante séculos, o nome de um herói mitológico grego vem sendo utilizado em duas expressões universalmente conhecidas: "calcanhar de Aquiles" e "tendão de Aquiles”. Enquanto a primeira é empregada em um contexto cultural mais amplo para descrever algum ponto físico ou psicológico frágil, a segunda representa um epônimo anatômico para um tendão que é, atualmente, discriminado na Nomina Anatomica como tendão do calcâneo. As expressões fazem referência à versão mais conhecida sobre a morte do guerreiro: Aquiles, com o corpo invulnerável exceto no tornozelo, teria morrido em decorrência de um ferimento que o atingiu exatamente nesse ponto. No presente trabalho, a mitologia de Aquiles e a anatomia do tendão do calcâneo são apresentas. Além disso, as possíveis causas da morte do guerreiro são discutidas resumidamente.

       Segundo Brandão (BRANDÃO, 1991a), o nome Aquiles (Akhilleús) é provavelmente pré-helênico e sua etimologia, embora desconhecida, está relacionada desde a antiguidade com ákhos (dor, aflição). Significaria, portanto, “o doloroso, o sofredor”. Aquiles é a figura central da Ilíada, que narra os acontecimentos ocorridos durante o décimo e último ano da Guerra de Tróia. “O mito de Aquiles é um dos mais ricos, antigos e complexos da antiguidade clássica. Graças à Ilíada, em que o filho de Tétis é citado duzentas e noventa eduas vezes, se popularizaram suas gestas. Poetas posteriores a Homero e o inconsciente popular apoderaram-se da personagem e multiplicaram-lhe as variantes do mito, a posto de se formar um autêntico ciclo de Aquiles, carregado de incidentes e episódios nem sempre coerentes” [id. 1991a]. As origens mitológicas da guerra de Tróia são remotas, resultando da disputa entre Zeus e Posídon pela a nereida Tétis. Um oráculo - para alguns, feito por Prometeu - vaticinara que o filho gerado por Tétis se tornaria mais poderoso que o pai e Zeus decidiu arranjar-lhe um marido mortal, Peleu. O casamento foi descrito muito depois pelo poeta latino Caio Valério Catulo (84 - 54 a.C) no poema LXIV, Bodas de Tétis e Peleu [id.,1991b.]: todos os imortais foram convidados e doaram presentes magníficos. Éris, a Discórdia, compareceu mesmo sem ser convidada e lançou, diante de Hera, Afrodite e Atena, a maçã de ouro, o famoso “pomo da discórdia”, com a maliciosa e provocativa inscrição: "a mais bela", desencadeando uma obstinada disputa entre as três deusas. Zeus incumbiu Hermes de conduzí-las ao monte Ida, onde seriam julgadas por Páris, cuja decisão, nas palavras de Homero, "lançou no Hades muitas almas valorosas de heróis" (Il. 1.3-4).
       Há diferentes versões para a morte de Aquiles. Peleu e Tétis já tinham gerado seis filhos, mortos quando Tétis, na tentativa de torná-los imortais, ungiu-os com ambrósia e os colocou sobre o fogo. Quando Aquiles nasceu, Tétis teria buscado fazê-lo imortal mergulhando-o no rio Estige; deixou-o, no entanto, vulnerável na parte do corpo pelo qual o segurava, seu calcanhar direito. Peleu entregou o filho ao centauro Quíron para que o educasse. Quando completou doze anos, o centauro iniciou seu adestramento na caça, equitação, música e medicina (id., 1991a).
       A morte de Aquiles não é descrita na Ilíada nem a alusão à invulnerabilidade de Aquiles se encontra em Homero. De fato, no canto 21 da Ilíada Aquiles é ferido por Asteropeu, que arremessa duas lanças ao mesmo tempo, uma das quais atinge o cotovelo de Aquiles, "tirando um jorro de sangue". Fosse invulnerável, ele não precisaria da armadura encomendada a Vulcano por Tétis. Esta havia recomendado fosse confiada ao sobrevivente mais digno de usá-la após a morte do filho. Os únicos pretendentes foram Ulisses e Ajax, sendo aquele o escolhido, “ficando a sabedoria, assim, acima da bravura e levando Ajax ao suicídio” (BULFINCH, 2000). Deste modo se entrelaçam “os dois fios das estórias contadas pela Ilíada (a glória de Aquiles) e pela Odisséia (o retorno de Ulisses). A morte natural de um Ulisses já velho, opulento e rodeado pelo seu povo então feliz constituirá um contraponto à morte trágica de um Aquiles jovem, em terra estrangeira, afastado dos seus familiares e de seu povo” (ASSUNÇÃO, 2003). As diferentes versões da morte de Aquiles são, portanto, posteriores a Homero. A mais difundida relata que ele morreu em combate, ferido no calcanhar vulnerável por uma flecha atirada por Páris e guiada por Apolo. Páris, nesse ato, vingaria a morte de seu irmão Heitor e, simultaneamente, a morte de Tenes, filho de Apolo. Em certas versões do mito, o próprio deus Apolo teria disparado a seta, e não Páris, considerado por demais covarde (BRANDÃO, 1991a).
       Os tendões eram conhecidos na medicina hipocrática. Lê-se na obra Sobre o Uso de Líquidos: “os ossos, os dentes, os tendões têm no frio um inimigo e no calor um amigo, porque é dessas partes que se originam os espasmos, o tétano, os calafrios febris, que o frio induz e o calor remove” (MAJNO, 1975). De acordo com KLENERMAN (2007), o termo tendão de Aquiles foi registrado pela primeira vez em 1699 por pelo anatomista belga Philip Verheyen (1648-1711), em lugar de tendo magnus de Hipócrates de autores mais antigos ou chorda hippocatrica de autores posteriores. Em sua obra Humani Corporis Anatomia; ele descreveu o tendão como era vulgarmente conhecido: "quae vulgo dicitur chorda Achillis" (Philip Verheyen, 2011). O termo foi adotado pela primeira vez em sua forma original francesa pelo cirurgião Jean-Louis Petit (1674-1750) em 1705 (MUSIL et al., 2011).
       O tendão do calcâneo, com cerca de 15 cm de comprimento e formado pelas aponeuroses do músculos gastrocnêmico e sóleo, é o maior e o mais poderoso tendão do corpo (MOORE & DALLEY, 2007a). Na sua decida até a tuberosidade do calcâneo espiralase em 90º e as fibras do gastrocnêmico se dispõem lateralmente, enquanto as do sóleo fixamse medialmente. Tal configuração, acredita-se, confere uma vantagem mecânica importante para a capacidade de o tendão absorver energia e se retrair (id., 2007a). O tendão do calcâneo é uma marca registrada do bípede humano, não ocorrendo em grandes primatas, e sua presença pode estar relacionada ao maior comprimento relativo do dos ossos do tarso no homem (KLENERMAN, 2007). Há cerca de dois milhões de anos, um conjunto diversificado de recursos, entre os quais se inclui o desenvolvimento do tendão do calcâneo, possibilitou a locomoção bipedal e a marcha de resistência, uma peculiaridade do gênero Homo (BRAMBLE & LIEBERMAN, 2004). Essas vantagens evolutivas podem ter sido fundamentais para a sobrevivência da espécie (RAICHLEN et al., 2011).
       Abroise Paré (1510-1590), o famoso cirurgião francês, foi o primeiro a descrever, em 1665, um caso de ruptura do tendão. Em 1724, o já referido Jean-Louis Petit relatou dois casos, sendo um bilateral. John Hunter (1728-1796) descreveu a ruptura de seu próprio tendão; na autópsia, observou-se calcificação no local da lesão. Foi o primeiro a estudar experimentalmente em cães a ruptura do tendão. Descrições de tenotomia aparecem no tratado "Sobre a cirurgia", do cirurgião grego Antyllus (século II dC), que realizou o procedimento para tratamento da anquilose de tornozelo. Frederick Louis Stromeyer (1804-1876) foi o pioneiro, nos tempos modernos, a utilizar a tenotomia para o tratamento do pé torto. “Lesões, tanto traumáticas como por uso excessivo do tendão de Aquiles já se tornaram relativamente comuns, e não é raro encontrar cirurgiões que, em sua carreira profissional, já operaram centenas de pacientes - e tudo isso a partir de um guerreiro mitológico grego” (KLENERMAN,2007).
       Em 1873, fazendo escavações no sítio arqueológico do Hissarlik, o arqueólogo alemão Heinrich Schliemann (1822-1890) encontrou várias cidades construídas em diferentes níveis e que ele considerou como a Tróia homérica. Apesar de o sítio arqueológico estar localizado na Anatólia, que corresponde hoje à porção asiática da Turquia, a idéia de que os níveis VI/VII correspondem a Tróia tornou-se firmemente estabelecida (KORFMAN, 2004). Vestígios arqueológicos levam a crer que houve vários conflitos armados em torno da cidade no final da Idade do Bronze, não sendo possível afirmar se todos ou apenas alguns destes conflitos foram registrados mais tarde na chamada “guerra de Tróia", ou se entre eles havia um especialmente memorável, uma única "guerra de Tróia". De qualquer forma, as ruínas de Tróia ainda deviam ser impressionantes no final do século VIII a.C., período em que, segundo se acredita, Homero compôs sua obra. Assim, não há nada no registro arqueológico que contradiga a afirmação de que Tróia e a paisagem circundante formaram o cenário para a Ilíada de Homero (KORFMANN, 2004). Aliás, o título da obra deriva do nome grego para Tróia, Ílion. Não se pode descartar, portanto, a hipótese de que tenha existido de fato um guerreiro, posteriormente mitificado na figura de Aquiles. Levando-se em consideração essa provável correspondência entre o mito e a realidade, uma pergunta se impõe: como poderia ter ocorrido a morte do guerreiro em decorrência do ferimento na região calcânea? LEE & JACOBS (2002) levantam várias hipóteses, que são ponderadas brevemente a seguir.
       Infecciosa: a ponta da seta poderia estar contaminada por bactérias como Clostridium perfringens, Yersenia pestis ou similares; a infecção da ferida e o desenvolvimento de gangrena ou osteomielite poderia ter sido fatal. Em qualquer dessas circunstâncias o tratamento era impraticável, pois o conceito de infecção de feridas era desconhecido dos gregos, só vindo ser estabelecido em 1867 por Joseph Lister (MAJNO & JORIS, 2004). A infecção pelo Clostridium tetani seria outra ocorrência possível. De fato, há relatos hipocráticos contendo descrições clínicas da doença (MAJNO, 1975), mas nas fontes mitológicas nada há que sugira ter Aquiles apresentado uma sintomatologia atribuível à infecção tetânica. De qualquer forma, é importante lembrar que, mesmo nos dias atuais, mais de um século após o desenvolvimento da vacina antitetânica (1924), não houve uma diminuição significativa da letalidade por tétano acidental (GOUVEIA et. al., 2009).
       Tóxica: a seta estaria envenenada; de fato, na Rapsódia I da Odisséia, há menção a uma viagem de Ulisses para Éfira “aonde fora, numa ligeira nau, em busca de veneno homicida para temperar o bronze de suas setas” (FIGUERÊDO-SILVA et al. 2010).
       Metabólica: se Aquiles sofresse de hipertireoidismo, - o que não parece ter sido o caso - talvez a dor e o estresse tenham desencadeado uma “tempestade tireoidiana”, com manifestações extremas de descompensação funcional e com um quadro clínico complexo.
       Congênita: embora nada indique isso, talvez Aquiles fosse hemofílico e uma lesão da artéria tibial posterior resultaria numa hemorragia fatal. De fato é improvável que uma hemorragia de grande porte tenha ocorrido por uma lesão exclusiva do tendão, uma vez que o mesmo é relativamente pouco vascularizado, sobretudo em sua porção média (DORAL et al., 2010). No entanto, a hemofilia não seria uma condição imprescindível. A artéria tibial posterior, o maior e o mais direto ramo terminal da artéria poplítea, pode ser facilmente lesada em ferimentos superficiais. Em bases puramente anatômicas, uma lesão da artéria e veia tibiais seria a causa mais verossímil da morte de Aquiles, ainda mais porque não havia tratamento eficaz para deter as hemorragias e a remoção de flechas sempre representou um problema para os feridos (KARGER et al., 2001).
       Imunológica: a seta, feita com uma infinidade de materiais, poderia ter desencadeado um episódio fatal de anafilaxia, desde que Aquiles fosse alérgico a qualquer um dos componentes.
       Traumática: uma embolia pulmonar após o ferimento poderia ter ocorrido. Finalmente, LEE & JACOBS (2002) mencionam duas possibilidades ainda mais ambíguas ou controvertidas. Psiquiátrica: Aquiles, após ter provado ser um grande guerreiro, encontrase repentinamente mutilado; sofre, então, um grave ataque de depressão e só encontra a paz pondo fim à própria vida. Evolutiva: incapaz de se mover depois de ter sido ferido, Aquiles torna-se um organismo "inadaptado", tendo sido morto no campo de batalha. É uma tentativa inapta de se aplicar o darwinismo. Para uma análise pertinente e aprofundada dos aspectos simbólicos da morte de Aquiles deve ser consultado o belo trabalho de ASSUNÇÃO (2003).
       Apesar, ou talvez em decorrência de sua importância em termos evolutivos, o tendão do calcâneo é propenso a um amplo espectro de lesões (LONGO et al., 2009).
       No mito de Aquiles, como em toda a obra homérica, se entrelaçam fatos históricos e elementos ficcionais, mas há indicações convincentes de que houve uma antiga Tróia e uma ou mais guerras de Tróia. Talvez um esplêndido guerreiro da época tenha sido mitificado na figura de Aquiles, cujo nome, apesar da distância dos séculos e das brumas da mitologia, continua famoso, tal como Homero predissera na Ilíada.




Bibliografia
ASSUNÇÃO, T.R. Ulisses e Aquiles repensando a morte (Odisséia XI, 478-491). Kriterion; vol. 44, p. 100-109, 2003.
BRAMBLE, D.M.; LIEBERMAN, D.E. Endurance running and the evolution of Homo. Nature, vol. 432, n.7015, p.:345-52, 2004.
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KORFMANN, M. Was there a Trojan War? Archaeology, 57: 2004. Disponível em: http://www.archaeology.org/0405/etc/troy.html. Acesso: 10 set. 2011.
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RAICHLEN, D.A.; ARMSTRONG, H.; LIEBERMAN, D.E. Calcaneus length determines running economy: Implications for endurance running performance in modern humans and Neandertals. J Hum Evol.,60: 299-308, 2011.
* Trabalho apresentado no I Congresso Piauiense de História da Medicina – Teresina/PI - 2013

Figuerêdo-Silva J; Gonçalves BM; Carvalho FV; Fonseca-Junior GC;
Oliveira LM; Bezerra RT – Teresina/PI

domingo, 9 de dezembro de 2012

REUMATOLOGIA NO PIAUÍ: FATOS E CRONOLOGIA

O passado não é o que passa, mas o que dele fica; o presente
é  efêmero: dele só fica o que se tornou passado.
(Tristão  de Athayde)
                                                   
 
    A Reumatologia, praticada com  feições de Especialidade caracterizada, é nova em nosso meio, como de resto no Brasil e no mundo.  Para contextualizar a História da Reumatologia no Piauí, é necessário descrever, ainda que de passagem, um cenário de referência nacional e internacional da Especialidade, o que certamente auxiliará o leitor na compreensão da narrativa de fatos, pessoas e lugares.
    Estamos agora em 1949, ano de ouro da Reumatologia Mundial e Brasileira. Comparece ao VII Congresso  da International  League Against Rheumatism, marcado indelevelmente pelo lançamento da cortisona, o Brasileiro Waldemar Bianchi. De retorno ao Brasil, após um gigantesco trabalho,  Bianchi  tornou possível  a fundação e instalação da  Sociedade Brasileira de Reumatologia a 15 de julho de 1949, tendo como Presidente Waldemar Berardinelli, como  Vice-Presidentes, Deolindo Couto, Magalhães Gomes e Pedro Nava e, estrategicamente, o próprio Bianchi como Secretário Geral.
    Ano de 1960. Geraldo Gomes de Freitas, como o apoio decidido de Hoel Sette, de quem Geraldo tornou-se Assistente, fundaram a Sociedade Pernambucana de Reumatologia, com reflexos para os Estados vizinhos do Rio Grande do Norte, Paraíba e Alagoas e, como veremos mais tarde, para o Piauí. Esse fato confere aos dois Professores, a condição de Precursores da Reumatologia na Região Nordeste.
    A SOCIEDADE PIAUIENSE DE REUMATOLOGIA (SPR)  foi fundada em 27 de junho de 1972. Seus estatutos foram publicados no Diário Oficial do Estado do Piauí  no dia 7 de maio de 1975.
    São membros da Primeira Diretoria, também caracterizados como Sócios Fundadores por
participarem da organização social da Entidade, discussão dos estatutos e firmarem as atas de fundação da Sociedade os seguintes membros:
 
Presidente: Marcos Aurélio Rufino da Silva
Primeiro Vice-Presidente: Lineu da Costa Araújo
Segundo Vice-Presidente: Lívio William Sales Parente
Secretário: Miguel Ramos Rodrigues
Tesoureiro: Marcelino Martins
Segundo Tesoureiro: Luís Nódgi Nogueira Filho
 
    Figuram ainda como integrantes da Primeira Diretoria e também ditos como Sócios Fundadores Sérgio Ibiapina Ferreira Costa e Paulo Roberto dos Santos Caldas, sem cargos específicos , já que o artigo sétimo dos estatutos da Sociedade Piauiense de Reumatologia prevê apenas os cargos acima mencionados. É importante registrar que o Artigo 23 das disposições gerais desses estatutos prevê a outorga anual de um Prêmio intitulado “PEDRO NAVA”.
    A instalação oficial da Primeira Diretoria da Sociedade Piauiense de Reumatologia ocorre na Cidade de Teresina em 27 de junho de 1975, durante a I JORNADA PIAUIENSE  DE REUMATOLOGIA que ocorreu no período de  27 a 28 de junho de 1975, contando com a presença, na ocasião, de Geraldo Gomes de Freitas, então responsável pela Disciplina de Reumatologia  do Departamento de Clínica Médica  da Universidade Federal de Pernambuco.
    O Primeiro Presidente da Sociedade Piauiense de Reumatologia, Marcos Aurélio Rufino da Silva, é Piauiense nascido na Cidade de Oeiras, antiga Capital do Estado do Piauí. Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Pernambuco no ano de 1971. Nesse mesmo ano faz estágio em Reumatologia  na Cadeira de Terapêutica Clínica, sob a supervisão de Geraldo Gomes de Freitas. Em 1972, retorna ao Estado do Piauí, iniciando pioneiramente a prática da Especialidade no Estado. Obtém o Título de Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e inicia a estruturação da prática
e da divulgação da Especialidade no Estado, organizando aulas teóricas, reuniões científicas, ocasiões em que estiveram presentes eminentes Reumatologistas Brasileiros.
    Em 1976 , é aprovado em Concurso para o Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (INAMPS), passando a exercer a Especialidade naquele órgão, sendo, mais tarde, o seu superintendente no Estado do Piauí. Marco Aurélio retorna ao cargo de Presidente da SPR em 1991, ocupando mandato provisório na reorganização e retomada das atividades da agremiação. Possuidor de bom relacionamento pessoal e profissional, militante ativo na atividade associativa e de representação de classe, Marcos Aurélio participa efetivamente da vida das Entidades Médicas no Estado, exercendo, dentre outros, os cargos de Presidente da Associação Piauiense de Medicina (APM) e, a Presidência do Conselho Regional de Medicina (CRM). Assim, Marcos Aurélio abre as portas do Piauí para a nova especialidade ligada às enfermidades do aparelho locomotor, prima-irmã da Ortopedia, da Fisiatria e da Imunologia.
    O segundo Reumatologista do Piauí é Paulo Roberto dos Santos Caldas, integrante da Primeira Diretoria  da Sociedade Piauiense de Reumatologia  e também um dos seus sócios fundadores. Paulo Caldas nasceu em Belém do Pará aos dezoito dias de setembro de 1946, onde fez seus estudos de Primário. Muda-se para Teresina onde cursa parte do Ginásio no Colégio Leão XIII e, de volta à Belém, termina lá o Curso Ginasial. Em 1964 retorna à Teresina cursando o Científico no Liceu Piauiense Zacarias de Góes, concluindo-o na Cidade do Recife-PE. Paulo Caldas ingressa, então, para o Curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco, graduando-se em 1973. A formação específica em Reumatologia de Paulo Caldas tem lugar na Cidade do Rio de Janeiro, no tradicional Hospital Gafrèe-Guinle, sob a orientação da figura vetusta de Jacques Houli. Retorna, daí, para Teresina, exercendo Clínica Médica e Reumatologia em instituições públicas, entre elas o Ambulatório e Enfermaria do Hospital Getúlio Vargas e a Ação  Social Arquidiocesana (ASA). Atualmente é médico do Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), órgão em que ingressou em 1980, já que possuía especialização em Medicina do Trabalho.
    Não pode deixar de ser registrado que Sérgio Ibiapina Ferreira Costa, já à época da fundação da SPR, mesmo como Clínico Geral, desempenhava-se com especial  desembaraço nos casos reumatológicos. Clínico talentoso, perspicaz e estudioso, Ibiapina havia concluído Residência Médica no Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, recebendo a influência da atmosfera de entusiamo pela Reumatologia que se respirava naquela Instituição, capitaneada pelo brilhante Reumatologista Luiz Vertzman. A partir daí, Reumatologistas com formação oriunda dos mais diversos Serviços do país, iniciaram a militância na especialidade.
 
Abaixo - nome, data em que iniciou a prática da Especialidade no Estado e Formação -
Olimar Amorim Leite- 1975 (Universidade Federal da Paraíba-Silvino Chaves Neto)
Ewaldo Benício Soares de Oliveira- 1977 (Geriatria -PUC-RS)
Francisco Soares Loureiro- 1979 (Hospital Geral de Bomsucesso- RJ- Geraldo Castelar Pinheiro)
José Salomão Budaruíche- 1980 (Belo Horizonte- Aquiles de Almeida Cruz Filho)
Maria do Socorro Teixeira Moreira Almeida- 1980 (Brasília-DF)
Gilberto Almeida Hidd- 1986(Policlínica Geral do Rio de Janeiro- Hilton Sêda)
José Tupinambá  Sousa Vasconcelos- 1989 (Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo-William Habib Chahade)
Mário Sérgio Ferreira Santos- 1990 (Serviço de Reumatologia  do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo)
Mauro Furtado Cavalcanti –1993 (Hospital de Base do Distrito Federal)
Ana Lívia Attem- 1994 (Hospital Getúlio Vargas- Teresina-PI)
Roberta Oriana Assunção Lopes de Sousa- 1998 (Endografos e Instituto da Criança – USP)
 
Olimar Amorim Leite é Piauiense nascido na Cidade de Teresina a vinte e sete de fevereiro de 1948. Faz seus estudos primário e secundário no Colégio Demóstenes Avelino. Em 1968 é aprovado para o Curso de Medicina da Universidade Federal da Paraíba que conclui no ano de 1973. Durante a graduação, no período de 1971-1973, estagia voluntariamente na área de Reumatologia sob a supervisão do Reumatologista Paraibano Silvino Chaves Neto. Em 1974, retorna ao Piauí para dirigir a Unidade Mista da Fundação Nacional de Saúde  na Cidade de Esperantina, onde permanece até o início de 1975. Nesse mesmo ano, transfere-se para Teresina e inicia a prática da Reumatologia. Foi Diretor da Unidade Mista da Fundação Municipal de Saúde no Bairro Primavera, em Teresina e é atual  Diretor Estadual  do Departamento de Controle , Avaliação e Auditoria do SUS-PI  Olimar traz em sua formação um forte traço no gosto pela Reumatologia extra-articular. Oriundo do Serviço de Silvino Chaves, que também era Fisiatra, é o único Reumatologista Piauiense com Título de Especialista em Fisiatria.
Francisco Soares Loureiro é Piauiense de Teresina, nascido a quatro de agosto de 1948. Faz seus estudos primários no Grupo Escolar Engenheiro Sampaio e o Ginásio no Liceu Piauiense Zacarias de Góes. Conclui o Científico no Colégio Estadual da Bahia, para onde se transfere em 1967. Cursa o primeiro ano do Curso Médico na Universidade Federal de Pernambuco e o segundo e terceiro anos na Faculdade de Barbacena, em Minas gerais. O quarto e quinto ano cursa na Fundação Municipal da Serra dos Órgãos, em Teresópolis. O internato, sexto ano, o faz no Hospital Geral de Bonsucesso, na Cidade do Rio de Janeiro, graduando-se em 1976. Em 1977 e 1978, faz formação em Reumatologia no Hospital Geral de Bonsucesso, sob a supervisão de Geraldo Castelar Pinheiro e Newton Fernando Coimbra. Retorna à Teresina em 1979. Atualmente é Reumatologista do Hospital Santa Maria, da Fundação Municipal de Saúde, lotado no Centro Integrado Lineu Araújo e do Ambulatório do HGV, além de Clínica Privada.


Evaldo Benício Soares de Oliveira, nasceu em Teresina-PI em 25 de março de 1948. Realizou seus estudos primários no Colégio Batista Afonso Mafrense e concluiu o Curso Ginasial no Colégio Diocesano. Muda-se para Fortaleza, sendo interno do Colégio Cearense e concluindo o Científico no Colégio Castelo Branco, na Capital cearense. Muda-se, mais uma vez, agora para o Estado de Pernambuco e cursa Medicina na Universidade Federal daquele Estado, graduando-se em dezembro de 1977. Retorna, então, à Teresina e no período de 1978 a 1980 e atua como Clínico e Reumatologista, já que no quinto ano do Curso Médico fora Monitor de Reumatologia, fazendo estágio optativo nessa disciplina no sexto ano, sempre sob a supervisão do Reumatologista Pernambucano Prof. Geraldo Gomes de Freitas. De julho de 1980 a janeiro de 1981, faz Curso de Especialização em Geriatria na Pontifícia  Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), retornando à Teresina em  fevereiro de  1981. Evaldo Benício, agora Geriatra, nunca abandonou o gosto pela Reumatologia, sempre militando na Especialidade.
José Salomão Budaruíche, nasceu em Teresina-PI aos vinte e sete dias de junho de 1955. Realizou na Escola Modelo Artur Pedreira o seu Curso Primário. No Colégio Diocesano, cursou o Ginásio e o  Científico, concluindo essa fase de seus estudos em 1972. No ano de 1973 ingressa no Curso de Medicina da Universidade Federal do Piauí, graduando-se em 1978. Faz Especialização em Reumatologia em Belo Horizonte, orientado por Aquiles de Almeida Cruz Filho, Maranhense de Caxias, com formação na Reumatologia européia (Alemanha). Em 1980 ingressa como Professor da Universidade Federal do Piauí. No período de 1991 a 1995, passa a ser Coordenador do Curso de Medicina. Budaruíche, no exercício de Professor de Medicina, sempre o fez com especial dedicação e zelo. Os ecos à esse comportamento ouve-se nas inúmeras homenagens que recebeu  de quase todos os formandos de Medicina da UFPI, ministrando, inclusive,  a Aula da Saudade dos formandos de 1986. Atualmente é Professor Adjunto do Departamento de Clínica Geral do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Piauí e Preceptor de Residência Médica em Clínica Médica dessa Universidade, exibindo  predileção pelo estudo das Doenças Difusas do Tecido Conjuntivo.

A Professora Maria do Socorro Teixeira Moreira Almeida, juntamente com Salomão Budaruíche, representam a Reumatologia na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Socorro nasceu em Teresina a quatorze de julho de 1951. Faz os estudos primários  no Educandário Santa Teresinha, transferindo-se para o Colégio Sagrado Coração de Jesus (Colégio das Irmãs), onde termina seus estudos de Ginasial e Científico. Aprovada para o Curso de Medicina da UFPI em 1971, gradua-se em 1976. Transfere-se para Brasília, onde cumpre dois anos de Residência em Clínica Médica no Hospital Regional do Gama. Faz opção de um terceiro ano de especialização em Reumatologia, também no Distrito Federal. Retorna ao Piauí, assumindo, ao lado de Budaruíche, a parte de Reumatologia da Disciplina de Clínica Integrada do Sistema Osteoarticular em 01/03/80. É Coordenadora da Disciplina de Iniciação ao Exame Clínico desde maio de 1996 e Chefe do Serviço de Clínica Médica do Hospital Getúlio Vargas (HGV) desde julho de 1977. Vale registrar a criação por Socorro e Budaruíche  de um terceiro ano opcional em Reumatologia na Residência de Clínica Médica da UFPI em 1994, representando um esforço pioneiro na formação de Especialistas em Reumatologia no Estado do Piauí.
Com clara predileção pelas afecções extra-articulares do aparelho locomotor, Gilberto Almeida Hidd é, antes de tudo, uma personalidade afável e uma convivência amena.Teresinense do Barrocão, contemporâneo de Torquato Neto, Gilberto Hidd nasce a vinte e sete de fevereiro de 1946.Fez seus estudos Primário e Ginasial no Ginásio Leão XIII e conclui, em 1967, o Curso Científico no Liceu Piauiense Zacarias de Góes. Em Janeiro de 1968, transfere-se para a Cidade do Recife-PE , matriculando-se no Curso Pré-vestibular nesse mesmo ano. Em março de 1969, ingressa no Curso de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, graduando-se em 1974. Em Dezembro desse ano, muda-se novamente, desta vez para o Rio de Janeiro. Em Janeiro de 1975, ingressa no Curso de Pós-graduação em Reumatologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro , permanecendo nesse programa de treinamento  até 1976. A partir de 1977, é admitido como Médico da Policlínica Geral do Rio de Janeiro e como auxiliar no Curso de Pós-graduação em Reumatologia daquela Instituição, assim permanecendo até 1980. A partir desse ano, passa a Professor Assistente do Curso acima mencionado, onde permanece até maio de 1986. Gilberto Hidd toma uma decisão: Quer voltar a viver no Piauí! Gilberto retorna para Teresina em junho de 1986, já como Reumatologista experiente, oriundo que era da Policlínica Geral do Rio de Janeiro , onde trabalhou sob a supervisào do grande Reumatologista Hilton Seda, por quem dedica especial estima e admiração. Aqui, trabalha na Especialidade e como Clínico (Consultório particular, Unidade de Terapia Intensiva e Unidade VII do HGV). Na convivência com Gilberto, pudemos testemunhar por incontáveis vezes, seu zelo para com as pessoas simples e com os doentes pobres no HGV. Aprendemos com Gilberto, que tão importante quanto saber qual é a doença que tem a pessoa, é saber qual é pessoa que tem a doença.
Como autor desse Capítulo, tenho me expressado sobre terceiros, narrando informações garimpadas. Agora, porém, refiro-me à dados pessoais, que justifica a riqueza de detalhes e a extensão do texto que escrevo em terceira pessoa. José Tupinambá Sousa Vasconcelos, nasceu em Sobral-Ce à nove de setembro de 1960. Conclui, naquela cidade, o Curso Primário na Escola São Francisco de Assis em 1970, Curso Ginasial no Colégio Estadual Dom José Tupinambá da Frota em 1974 e o Curso Científico no Colégio Sobralense, em 1977. Em 1978, migra para Teresina, em virtude de aprovação no Curso de Medicina da UFPI naquele ano. Gradua-se em 1984, passando pelas Monitorias de Anatomia, Fisiologia e Farmacologia, além do Curso de Fisiologia Humana, na Cidade de Ribeirão Preto, no verão de 1981. Durante a Graduação, foi Professor da Disciplina de Biologia de vários Colégios e Cursos pré-vestibulares de Teresina. Em 1985 é aprovado em vários concursos de Residência Médica no Estado de São Paulo, decidindo-se por Clínica Médica na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Em 1986 é aprovado para a Residência de Reumatologia do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo (HSPE-FMO), Serviço do Prof. William Habib Chahade, havido à época, como um dos melhores do País, concluindo em 1989. Como Médico Residente de segundo ano é aprovado no Concurso de Título de Especialista em Reumatologia da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR-AMB) e eleito Presidente da  Associação de Médicos Residentes do Instituto de Assistência Médica do Estado de São Paulo (Agosto/86 a Agosto/87). Ainda como Médico Residente de terceiro ano, faz parte da Diretoria da Sociedade Paulista de Reumatologia como Editor do Jornal Artrófilo, boletim de comunicação científica dessa sociedade. No ano de 1988 até maio de 1989 faz Estágio no Serviços de Eletroneuromiografia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo e Hospital Heliópolis, ambos chefiados por Dr. Pedro Tannous e no Serviço de Neurofisiologia Clínica do Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, chefiado por José Luís Alonso Nieto. Retorna à Teresina em maio de 1989. Participa de Concursos Públicos para Clínica Médica e Reumatologia, aprovado na maioria em primeira colocação. Em 1992 é eleito Presidente  da Liga dos Reumatologistas do Norte e Nordeste para o período 1992-1994,  presidindo o II Encontro da Liga dos Reumatologistas do Norte e Nordeste, realizado em Teresina em junho de 1992 e ainda nesse ano  recebe o título de Sócio Honorário Fundador da Sociedade Amazonense de Reumatologia. É convidado a fazer parte da Comissão Científica do XIX Congresso Brasileiro de Reumatologia (Brasília-1992) e da Banca Examinadora do Concurso de Título de Especialista da SBR em 1996. Faz parte das Comissões Científicas do XXII Congresso Brasileiro de Reumatologia (Fortaleza-1998), VII Congresso Internacional de Reumatologia do Cone Sul (Gramado-1999). Participou ativamente da formação de graduandos de Medicina como Médico do Serviço de Pronto Socorro, da Unidade  de Terapia Intensiva e da Unidade VII do HGV, inclusive sendo Paraninfo e emprestando seu nome à Turmas de Formandos da UFPI. Conferencista, autor de artigos científicos e monografias, entre outros o Manual Didático Osteoporose: Conhecendo, Prevenindo, Tratando, Convivendo, de grande aceitação popular, inclusive servindo de modelo para o material educativo em Osteoporose do Ministério da Saúde, órgão em que é Consultor  Regional no Departamento de Doenças Crônico-degenerativas. Em 1999, toma posse como Primeiro Presidente da Sociedade de Osteoporose do Piauí.
 
Mário Sérgio Ferreira Santos é Maranhense, nascido em Lago da Pedra a quatorze de dezembro de 1959. Concluiu o Primeiro Grau no Ginásio Bandeirantes em Lago da Pedra e o Segundo Grau, na Unidade Escolar O Cursão em 1977, em Teresina. É aprovado para o Vestibular de Odontologia da UFPI em 1978, mas presta novamente exame para Medicina, sendo aprovado em 1980. Gradua-se no ano de 1984, quando se transfere para a Cidade de São Paulo. Em 1985 é selecionado para a Residência de Clínica Médica do  INAMPS-SP, concluindo esse programa em  1986 .  Candidata-se em 1987  para a Residência de Reumatologia do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), obtendo aprovação e concluindo em 1988.Transfere-se, então , para a Cidade de São Luís do Maranhão, em breve passagem (Março a Junho de 1989), onde chegou a atuar extra-oficialmente na Faculdade de Medicina  local. Em 1990, Mário Sérgio retorna à Teresina à convite de José Tupinambá, iniciando uma vitoriosa carreira profissional no Estado do Piauí. Ancorado na sua formação de Clínica Médica, trabalha também como Clínico em Ambulatório, Serviço de Pronto Socorro e Unidade de Terapia Intensiva. Em 1993, faz Estágio Voluntário no Serviço de Eletroneuromiografia particular de Antonio Luís Perucci Cattai, veterano Fisiatra e Eletroneuromiografista Paulista e inicia a prática do método no mesmo ano. sendo o segundo  médico a atuar na área no Piauí. Estudioso, responsável e devotado à educação médica continuada, Mário Sergio ocupa definitivamente seu lugar na Medicina Piauiense. Em jundo de 1999 (Manaus) é aprovado no Exame de Título de Espedialista da Sociedade Brasileira de Reumatologia.
Em Janeiro de 1993 chega ao Piauí o Reumatologista Mauro Furtado Cavalcanti, ingressando no Exército como Segundo Tenente Médico, função que exerceria até Janeiro de 1994. Concluíra a formação de Reumatologia em 1992 no Hospital de Base do Distrito Federal, à época chefiado pela Reumatologista Pernambucana radicada em Brasília Lúcia Gonçalves Macedo e, nesse mesmo ano, é aprovado no Concurso de Título de Especialista em Reumatologia da SBR. Mauro é Piauiense de Teresina, nascido em vinte e nove de dezembro de 1963. Residiu na Capital Piauiense até os cinco anos de idade, quando se transfere para a Cidade do Rio de Janeiro, onde lá permaneceria até a idade de dez anos e lá fazendo, portanto, os anos iniciais de seus estudos primários. Quando retorna à Teresina, ingressa no Colégio Diocesano na Quarta Série, permanecendo no Colégio dos Jesuítas  até  à conclusão do Curso científico em 1981. Aprovado para o Vestibular de Medicina da UFPI entre os vinte primeiros colocados em 1982, Mauro coleciona uma série de aprovações em vestibulares e concursos, sempre em distinta colocação. Em fevereiro de 1988, conclui o Curso Médico e, nesse mesmo ano, ingressa na Residência de Clínica Médica no HGV, encerrando esse programa em 1990, ano em que também seria aprovado para a Residência Médica em Reumatologia já mencionada. Mauro Furtado Cavalcanti chegou a trabalhar como Clínico na Fundação Hospitalar do Distrito Federal (aprovado em primeiro lugar) e na Empresa de Correios e Telégrafos por um ano. Atualmente é Membro do Conselho Científico da Sociedade de Osteoporose do Piauí e em 13 de Setembro de 1999, foi eleito Presidente da Sociedade Piauiense de Reumatologia para o Biênio 1999-2001. Bom internista, inclusive com trânsito na Medicina de pacientes gravemente enfermos, com zelo por fazer bem feito, Mauro Furtado Cavalcanti contribui para a reputação da Especialidade no Estado. 
Ana Lívia Atem nasceu a quatorze de fevereiro de 1966 na Cidade de Floriano-PI. Cumpriu o Curso primário e secundário no Colégio Industrial São Francisco de Assis daquela Cidade.  Em 1981, muda-se para Fortaleza e vive na Capital Alencarina até 1984. Em 1985 é aprovada para o Curso de Medicina da UFPI, concluindo-o em 1991. Em maio desse mesmo ano, ingressa na Residência de Clínica Médica do HGV. Decide-se pela Reumatologia, cumprindo um terceiro ano de Residência nessa Especialidade (1994). Dessa forma, Ana Lívia ingressa na História da Reumatologia do Piauí como a primeira  Reumatologista formada em programa oficial da Especialidade no Estado.
Roberta Oriana Assunção Lopes de Sousa, nasceu em Piripiri-PI a três de setembro de 1964. Fez seus estudos primários naquela cidade e conclui o Científico na Unidade Escolar O Cursão, em Teresina. É aprovada para o Curso de Medicina da UFPI, graduando-se em 1988. De bom raciocínio clínico, é convidada pelo Reumatologista José Tupinambá para iniciar treinamento em Reumatologia Pediátrica na Clínica Endografos e no Ambulatório de Reumatologia Pediátrica  do Hospital Infantil Lucídio Portela (HILP). Tendo acompanhado a discussão de casos de doenças do sistema nervoso periférico e a realização de eletroneuromiografias no Serviço de José Tupinambá, Roberta ganha especial desembaraço nessa área da Reumatologia. A partir de um Estágio no Serviço de Reumatologia Pediátrica do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), Serviço da Profa. Maria Helena Kiss, Roberta inicia uma sequência de estágios e treinamentos no mencionado Serviço. Esses estágios conferem-lhe maior familiaridade nas doenças difusas do tecido conjuntivo de maior complexidade e nas enfermidades reumatológicas de ocorrência mais rara. Atualmente, Roberta divide com a Profa. Catarina Pires o ambulatório de Reumatologia do HILP e em clínica privada caracterizando a subespecialidade em nosso meio.
 
Sobre a Reumatologia Pediátrica é necessário fazer alguns registros. A Profa. Catarina Pires, Professora de Pediatria da UFPI, manifesta clara predileção pelas doenças reumáticas da infância, atendendo pacientes reumáticos na enfermaria do HILP e, inclusive, freqüentando atividades científicas da Reumatologia local. Atualmente, Catarina milita no Ambulatório de Reumatologia Pediátrica do HILP, juntamente com Roberta Oriana, como já foi acima mencionado. Fato que não pode deixar de ser registrado por motivo de rigor histórico, é a atuação da Profa. Teresinha Fortes no ensino e na assistência ao pequeno paciente com enfermidade reumática na Enfermaria do HILP. Quando aqui chegamos como Reumatologista em 1989, chamou-nos à atenção o especial desembaraço com que a referida  Pediatra se havia frente aos casos reumatológicos. Fazendo-lhe justiça, Teresinha deve ser considerada como um dos médicos que deu destaque às doenças reumáticas da infância em nosso meio.
 
Exerceram o cargo de Presidente da Sociedade Piauiense de Reumatologia:
Marcos Aurélio Rufino da Silva (1o mandato inaugural)
Marcos Aurélio Rufino da Silva (2o mandato tampão- reorganização da Entidade)
Gilberto Almeida Hidd
Olimar Amorim Leite
Mauro Furtado Cavalcanti
  
Em 24 de setembro de 1997, no Rio Poty Hotel, ocorreu a Reunião Inaugural da Sociedade de Osteoporose do Piauí (SOPI). Trata-se de agremiação multidisciplinar de médicos que se relacionam ao estudo da Osteoporose. A I Diretoria da SOPI ficou assim composta:
Presidente: José Tupinambá Sousa Vasconcelos (Reumatologia)
Vice-Presidente: Pedro Ursulino M. Coimbra (Ortopedia)
Secretário Geral: Elisa Rosa de C. G. Nunes Galvão (Ginecologia)
Primeiro Secretário: Manoel Aderson Soares (Endocrinologia)
Segundo Secretário: Lavínia Castelo Branco C. de Aragão (Geriatria)
Tesoureiro Geral: Gilberto almeida Hidd (Reuamtologia)
Primeiro Tesoureiro: Kátia Marabuco de Sousa (Ginecologia)
Representante na APM : Maria Castelo Branco R. de Deus (Ginecologia)
Editor do Boletim:Roberta Oriana Assunção Lopes de Sousa (Reuamtologia Pediátrica)
Conselho Científico: Antônio Fortes de Pádua Filho (Ginecologia)
                                   Leônidas Otávio Melo (Ginecologia)
                                   Mauro Furtado Cavalcanti (Reumatologia)
 
Mencionamos ainda, dois fatos que, à nossa ótica, merecem relevo. A introdução da Eletroneuromiografia  no Estado do Piauí, realizada de forma pioneira pelo Reumatologista José Tupinambá Sousa Vasconcelos, o que motivou significante  avanço no diagnóstico das Doenças Neuromusculares no Estado e na região, abrindo uma fronteira nova de possibilidade de atuação do Reumatologista, reconhecida na Mesa Redonda “Procedimentos em Reumatologia” do VII CONGRESSO INTERNACIONAL  DE REUMATOLOGIA DO CONE SUL. O segundo fato refere-se ao início da prática da Reumatologia Pediátrica como subespecialidade por Roberta Oriana Assunção Lopes de Sousa.
Dos inúmeros eventos da História da Reumatologia Piauiense, sublinhamos o II ENCONTRO DA LIGA DOS REUMATOLOGISTAS DO NORTE E NORDESTE (LIRNNE), realizada no período de 11 a 13 de junho de 1992 no Centro de Convenções de Teresina. O Encontro foi presidido por José Tupinambá Sousa Vasconcelos, então Presidente da LIRNNE, tendo como Presidente Executivo Gilberto Almeida Hidd. O Tema Oficial do Encontro foi “Manifestações Reumatológicas das Doenças Sistêmicas”. Esse evento reveste-se de importância que transcende ao umbral científico, pois ofereceu estofo para a reorganização societária da vida da SPR, então inativa.
Um outro evento muito importante da vida científica da SPR foi  o I ENCONTRO  CEARÁ –PIAUÍ DE REUMATOLOGIA que aconteceu associado ao III TEMATRAUMA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA-CEARÁ no período de 05 a 07 de Novembro de 1999,  no Itacaranha Hotel de Serra. Comitivas com Reumatologistas, Ortopedistas, Clínicos, Fisioterapeutas e seus familiares partiram de Teresina e Fortaleza, para encontrarem-se na Serra da Meruoca, próximo à Cidade de Sobral-CE. A comitiva piauiense foi comandada pelo então Presidente da SPR Mauro Furtado Cavalcanti e o grupo Cearense pelo Presidente da Sociedade Cearense de Reumatologia José Eduardo Gonçalves.  Presentes ao referido encontro representando o Estado do Piauí, Mauro Cavalcanti, Mário Sérgio, José Tupinambá ,  Socorro Moreira, Ana Lívia e a Residente de Reumatologia Ângela Freitas. Também presentes ao evento como especialistas afins, Benjamim Pessoa Vale (Neurocirurgião) e José Augusto Sá (Ortopedista). Na Programação Científica, foram abordados os Temas Síndrome do Túnel do Carpo (José Tupinambá), RS3PE (Mauro Furtado) e Doença Reumatóide de difícil controle: caracterização e manejo (Mário Sérgio).
Atualmente, a Reumatologia Piauiense conta com treze Especialistas e constitui-se, certamente, um dos mais  representativos segmentos da nossa Medicina.

 Vasconcelos, J T S  ––  Teresina/PI