sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

MEDICINA PRIMITIVA


 Medicina é uma palavra derivada de mederi (do latim) que significa: curar, cuidar, medicar. Desde o inicio da formação de espécies humanas há cerca de um milhão de anos o homem preocupou-se com cura de seus males. Podemos então dizer que a medicina existe desde os primeiros momentos que a espécie humana habita a terra. A doença é mais antiga que o homem e provavelmente existe desde que surgiu a vida no planeta. As bactérias habitam a terra há 3,8 bilhões de anos e estão entre os principais agentes etiológicos das doenças. Nosso mais antigo ancestral com evidências de doença óssea era um Homo erectus de 800.000 anos atrás.

O Estudo de sinais de enfermidades encontrados nos fósseis, múmias e outros objetos arqueológicos são conhecidos por Paleopatologia. O conhecimento obtido por estes estudos até o momento é bastante fragmentado, porém nos permite cegar a conclusões importantes. As lesões ósseas são as mais claramente expostas na peleopatologia: Exostoses, sinais de artrites, traumas, tumores a malformações congênitas podem ser observados em fosseis do homem que viveu no paleolítico. As múmias egípcias com cerca de 4.000 anos são as fontes mais ricas para estes estudos. Estão bem documentados lesões como tuberculose óssea (mal de Pott), mastoidites, doença de Paget dos ossos e pé torto congênito. Nas partes moles e vísceras tem sido possível identificar arteriosclerose, pneumonia, pleurites, cálculos renais, biliares, além de apendicites e lesões cutâneas semelhantes as da varíola e esquistossomose. Podemos inferir que as principais formas de enfermidades, não cada doença em particular, têm sido no geral as mesmas ao longo de milhões de anos.

Ao conjunto das crenças e práticas relacionadas á tentativa consciente do homem de combater as enfermidades chama-se de medicina primitiva e estudo dos vestígios destas ações médicas é chamado de Paleomedicina. Na falta de registros o estudo da medicina primitiva manteve-se em conjecturas, as evidencias são escassas e duvidosas dificultando a avaliação de como o homem do neolítico se tratava. Pesquisas de paleontologia e antropologia apontam para uma medicina ligada a práticas mágicas e sacerdotais, quanto ao emprego de drogas ou plantas medicinais é impossível responder. Porém, a partir do estudo de esqueletos, é possível afirmar que as fraturas foram reparadas por imobilizações, conservando o eixo dos ossos partidos ainda que com cavalgamento dos fragmentos, demonstrando a ausência da tração necessária para o alinhamento correto.

São ainda bastante intrigantes as trepanações. Por toda a Europa encontra-se crânios trepanados datados do neolítico. Descartada a hipóteses de lesões traumáticas, anomalias ou artefatos, persiste a dúvida sobre seu real significado: Um procedimento terapêutico? Uma operação por crenças no sobrenatural ou na magia, para dar saída a maus espíritos? – Observando sociedades primitivas atuais que praticam o procedimento, a resposta não tem ficado clara, pois o mesmo é praticado por uma ou outra razão.

O conhecimento desta medicina primitiva é obtido usualmente por análises de restos humanos muito antigos com alterações não naturais, esculturas e pinturas conservadas nos túmulos. E ainda por analogia com tribos atuais que estão culturalmente na idade da pedra, povos ainda em condições primitivas, porém não iguais aos próprios pré-históricos. Assim, os investigadores devem ser cautelosos em suas conclusões.

O que parece essencial nestes povos quanto à medicina, é a idéia da enfermidade como fenômeno sobrenatural por ação de demônios ou por castigo devido a uma falta, cometida pelo enfermo. Só assim se explicava a forma, geralmente brusca, de aparecer alterações dolorosas e limitantes em um ser que havia permanecido saudável, forte e em bom estado. O diagnóstico e tratamento eram em maior ou menor grau, conseqüentes a essa idéia da enfermidade como fenômeno sobrenatural, Era feito com elementos mágico-religiosos. Os primeiros praticantes da Medicina devem ter sido os feiticeiros-médicos que somadas às palavras mágicas, preces e encantos usaram uma simbologia especial para tratar seus pacientes. Algumas vezes por uma simples questão de sorte e azar estes procedimentos tinham êxito e quando isto acontecia, os homens encarregados de administrar medicina passavam à informação à seguinte geração de curadores ou sacerdotes.

Estes homens ou mulheres especiais que exerceram as funções de curadores, magos ou sacerdotes da medicina primitiva aprenderam a imobilizar uma fratura óssea, também, realizaram freqüentemente um tipo de cirurgia que chamamos trepanação (usando instrumentos de pedra) não se sabe ao certo se para espantar espíritos demoníacos, tratar fraturas ou remover fragmentos de osso. É possível que a trepanação fosse realizada em diferentes momentos por todas estas razões.

A Medicina Primitiva estava abalizada, do ponto de vista da terapêutica, num fortíssimo componente psicológico baseado em crenças e ritos mágicos, aliado ao emprego de plantas medicinais. De acordo com vários antropólogos, o emprego de plantas e substâncias de origem animal para fins curativos, data do Paleolítico ou idade da pedra lascada, o primeiro dos três grandes períodos em que se subdivide a idade da pedra. O uso das ervas como elementos curativos foi o inicio da medicina experimental e muitos medicamentos contemporâneos como o quinino foram passados a nos a partir dos costumes de nossos ancestrais pré- históricos.

 







Andrade, F J C –– Teresina/PI

 
 
Bibliografia
  
MARGOTTA, R. História Ilustrada da Medicina. São Paulo: Manole, 1998.
  
SOURNIA, J C. História da Medicina. Tradução de Jorge Domingues Nogueira. Porto Alegre: Instituto Piaget. 1992.
  
RIBEIRO JR, W A.   A Medicina Antiga até Hipócrates. Disponível em: (http://warj.med.br/pub/mini/medicina.asp.) Aceso em 09/03/2008.