sábado, 21 de janeiro de 2012

CLIDENOR FREITAS – O PINEL DO PIAUÍ


A loucura era considerada uma doença do espírito, e como tal, seu tratamento consistia na feitiçaria e no exorcismo. Os tratamentos mudaram conforme o período histórico: na idade média, os loucos eram contidos em prisões; na inquisição, eram torturados e queimados vivos. Com os ideais humanísticos da revolução francesa, iniciou-se uma nova fase na história da assistência aos doentes mentais. Nesse período, destaca-se Philippe Pinel, jovem médico que administrava a sessão de loucos de Salpêtriére, grande hospital da França. Ele libertou os doentes mentais das correntes às quais estavam submetidos por isso, Pinel recebeu o título de pai da psiquiatria.

Clidenor de Freitas Santos nasceu em Miguel Alves – pi (1913) e faleceu em Teresina – pi (2000). Graduou-se em medicina pela faculdade de medicina do Recife (1936). Especializou-se em psiquiatria e retornou ao Piauí, onde montou consultório médico. Influenciado por Pinel, retirou as correntes que prendiam doentes agitados no “asilo de alienados”, e montou o que foi chamado de “pirâmide metálica” na praça da liberdade, em Teresina – um total de 1.540 quilos de correntes de ferro ao sol.

Na década de 40, iniciou a construção do Sanatório Meduna, até então afastado do perímetro urbano e às margens do rio poty. Erguido com recursos próprios e uma vontade telúrica, demorou 10 anos para ser inaugurado – um dos mais importantes fatos ocorridos no Piauí em 1954.

Clidenor, guiado pela premissa de que os remédios curam as doenças, e não os doentes, implantou no tratamento destes as terapias ocupacionais – crochê, músicoterapia, pinturas...  Inicialmente, introduziu a convulsoterapia cardiozólica de Von Meduna, a malarioterapia e a insulinoterapia. Incansável em seus estudos adquiriu um livro no qual havia a descrição da convulsoterapia de Cerletti. Desafiou então o eletricista Benedito Almeida a construir um desses aparelhos, e foi prontamente atendido. Era o primeiro aparelho de convulsoterapia do Brasil.

Logo à entrada do sanatório, encontra-se uma estátua de dom Quixote, uma das paixões do Dr. Clidenor. Assim como ele, o médico piauiense era um tanto de sonho e birra.

“O louco é apenas um paciente que necessita de amor, compreensão e terapia”. Pensando assim, Clidenor de Freitas santos humanizou a psiquiatria no Piauí e Brasil.

Carvalho, A C R; Silva, P P F e Andrade, F J C –– Teresina/PI

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