A loucura era considerada uma
doença do espírito, e como tal, seu tratamento consistia na feitiçaria e no
exorcismo. Os tratamentos mudaram conforme o período histórico: na idade média,
os loucos eram contidos em prisões; na inquisição, eram torturados e queimados
vivos. Com os ideais humanísticos da revolução francesa, iniciou-se uma nova
fase na história da assistência aos doentes mentais. Nesse período, destaca-se Philippe Pinel,
jovem médico que administrava a sessão de loucos de Salpêtriére, grande
hospital da França. Ele libertou os doentes mentais das correntes às quais
estavam submetidos por isso, Pinel recebeu o título de pai da psiquiatria.
Clidenor de
Freitas Santos nasceu em Miguel Alves – pi (1913) e faleceu em Teresina – pi
(2000). Graduou-se em medicina pela faculdade de medicina do Recife (1936).
Especializou-se em psiquiatria e retornou ao Piauí, onde montou consultório
médico. Influenciado por Pinel, retirou as correntes que prendiam doentes
agitados no “asilo de alienados”, e montou o que foi chamado de “pirâmide
metálica” na praça da liberdade, em Teresina – um total de 1.540 quilos de
correntes de ferro ao sol.
Na década de
40, iniciou a construção do Sanatório Meduna, até então afastado do perímetro
urbano e às margens do rio poty. Erguido com recursos próprios e uma vontade
telúrica, demorou 10 anos para ser inaugurado – um dos mais importantes fatos
ocorridos no Piauí em 1954.
Clidenor,
guiado pela premissa de que os remédios curam as doenças, e não os doentes,
implantou no tratamento destes as terapias ocupacionais – crochê,
músicoterapia, pinturas... Inicialmente,
introduziu a convulsoterapia cardiozólica de Von Meduna, a malarioterapia e a
insulinoterapia. Incansável em seus estudos adquiriu um livro no qual havia a
descrição da convulsoterapia de Cerletti. Desafiou então o eletricista Benedito
Almeida a construir um desses aparelhos, e foi prontamente atendido. Era o
primeiro aparelho de convulsoterapia do Brasil.
Logo à entrada
do sanatório, encontra-se uma estátua de dom Quixote, uma das paixões do Dr.
Clidenor. Assim como ele, o médico piauiense era um tanto de sonho e birra.
“O louco é
apenas um paciente que necessita de amor, compreensão e terapia”. Pensando
assim, Clidenor de Freitas santos humanizou a psiquiatria no Piauí e Brasil.
Carvalho, A C R;
Silva, P P F e Andrade, F J C –– Teresina/PI
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