sábado, 21 de janeiro de 2012

MEDICINA E MITOLOGIA NA GUERRA DE TROIA


A prática da medicina esteve ligada aos mitos desde a idade da pedra, alcançando seu apogeu durante a idade do bronze e a antiga idade do ferro. Embora a Grécia antiga seja o ponto de partida para cultura científica ocidental, a medicina grega no inicio apresentava uma mistura de concepções mágicas e religiosas. A religião grega aceitava muitos deuses que participavam da vida diária, partilhavam com os homens o amor e a luta pelo poder e estavam presentes na guerra. Vários deles de alguma forma estavam ligados à produção e à cura de doenças, a não ser nos casos de ferimentos de batalha ou acidentes onde a causa do mal era evidente a doença era atribuída à intervenção divina.

Mesmo Hipócrates, o pai da medicina, que marcou uma separação entre o mítico e o racional, em seu juramento invoca os deuses da medicina. Desta forma os métodos da medicina mítica buscavam agradar ou acalmar aos deuses com preces e sacrifícios. Nos textos gregos clássicos, sobretudo na obra de Homero e Hesíodo, encontramos vários relatos que demonstram a prática da medicina associada ao mito. As flechas de Apolo eram capazes de causar a morte súbita em homens e as de Ártemis em mulheres como é contado na lenda de Nióbe por Homero, Hesíodo e outros. O mito de Pandora, contado por Hesíodo, coloca as doenças que assolam a humanidade, como um desejo de Zeus.

Uma passagem bastante emblemática de enfermidade enviada como castigo divino aparece na obra Ilíada de Homero e narra a peste que se abateu sobre os exércitos gregos durante o cerco de Tróia. No início houve a morte dos animais e, a seguir, dos homens. Neste episódio o diagnóstico foi feito consultando um adivinho. A causa da doença era a ira de Apolo que motivado por um tratamento desrespeitoso a seus sacerdotes, lançou suas setas sobre o acampamento grego. Desse modo o tratamento consistiu em aplacar sua cólera por meio de sacrifícios, hinos de louvor e devolução de sua sacerdotisa, raptada pelos gregos. Quando Apolo se satisfez retirou a praga. Há ainda na Ilíada, alusão à existência de Asclépio, um médico de extraordinário saber que teria aprendido sua arte com Quíron, o centauro educador de heróis e exímio conhecedor de ervas medicinais.


Andrade, F J C; Carvalho, A C R e Carvalho, T T A –– Teresina/PI

Nenhum comentário:

Postar um comentário