A prática da medicina esteve ligada aos mitos desde
a idade da pedra, alcançando seu apogeu durante a idade do bronze e a antiga
idade do ferro. Embora a Grécia antiga seja o ponto de partida para cultura
científica ocidental, a medicina grega no inicio apresentava uma mistura de
concepções mágicas e religiosas. A religião grega aceitava muitos deuses que
participavam da vida diária, partilhavam com os homens o amor e a luta pelo
poder e estavam presentes na guerra. Vários deles de alguma forma estavam
ligados à produção e à cura de doenças, a não ser nos casos de ferimentos de
batalha ou acidentes onde a causa do mal era evidente a doença era atribuída à
intervenção divina.
Mesmo Hipócrates, o pai da
medicina, que marcou uma separação entre o mítico e o racional, em seu
juramento invoca os deuses da medicina. Desta forma os métodos da medicina
mítica buscavam agradar ou acalmar aos deuses com preces e sacrifícios. Nos
textos gregos clássicos, sobretudo na obra de Homero e Hesíodo, encontramos
vários relatos que demonstram a prática da medicina associada ao mito. As flechas de Apolo eram capazes de causar a
morte súbita em homens e as de Ártemis em mulheres como é contado na lenda de
Nióbe por Homero, Hesíodo e outros.
O mito de Pandora, contado por Hesíodo, coloca as doenças que assolam a
humanidade, como um desejo de Zeus.
Uma passagem bastante emblemática de enfermidade enviada
como castigo divino aparece na obra Ilíada
de Homero e narra a peste que se abateu sobre os exércitos gregos durante o
cerco de Tróia. No início houve a morte dos animais e, a seguir, dos homens.
Neste episódio o diagnóstico foi feito consultando um adivinho. A causa da
doença era a ira de Apolo que motivado por um tratamento desrespeitoso a seus
sacerdotes, lançou suas setas sobre o acampamento grego. Desse modo o
tratamento consistiu em aplacar sua cólera por meio de sacrifícios, hinos de
louvor e devolução de sua sacerdotisa, raptada pelos gregos. Quando Apolo se
satisfez retirou a praga. Há ainda na Ilíada, alusão à existência de Asclépio, um médico de extraordinário
saber que teria aprendido sua arte com Quíron, o centauro educador de heróis e
exímio conhecedor de ervas medicinais.
Andrade, F J C; Carvalho, A C R e Carvalho, T T A –– Teresina/PI
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